Os trabalhos e artigos aqui compartilhados são, em sua maioria, produzidos por mim e/ou meu grupo de estudos da Faculdade e são postados como auxiliares para estudantes dessa área tão linda, porém, tão menosprezada. Por ser uma página exclusiva de pesquisa, caso você seja autor de algum conteúdo constante nesse blog e que não queira ele divulgado, entre em contato urgente comigo, dizendo o motivo, o nome e a data da postagem para que eu possa deletá-lo.
Tá perdido? Pesquise, então.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
terça-feira, 4 de junho de 2013
Atividades Lúdicas e o Ensino de Ciências
1. INTRODUÇÃO
Esse
trabalho tem como objetivo principal, mostrar que a ludicidade pode ser
aplicada ao ensino das Ciências no Ensino Fundamental, sem que com isso a
disciplina perca a sua importância mediante as demais.
Foi
desenvolvido um jogo especialmente para esse fim, baseado em outros já lançados,
e que notoriamente fazem sucesso entre jovens e adultos.
Esse
jogo é o Quiz, que nada mais é do que jogo de perguntas e respostas onde vence
o grupo ou pessoa que responder a mais perguntas que o seu adversário.
Esse
tipo de jogo foi escolhido por ser altamente estimulante já que faz parte da
natureza humana o gosto pela competitividade e pelo querer mostrar ser mais do
que os outros, então, nada mais justo do que canalizar essa “energia” toda em
uma atividade com cunho pedagógico, onde o principal objetivo é a assimilação
do conteúdo temático em administração.
O
cuidado que se deve ter, entretanto, é o de não perder o foco da atividade,
estar sempre no controle da classe para que a meta seja atingida a contento.
2. DESENVOLVIMENTO
Como
auxiliar de ensino para a disciplina de Ciências no Ensino Fundamental, sugerimos um jogo tomando por base um conhecido jogo de perguntas e respostas que poderá ser usado a
qualquer tempo pelo docente.
Esse
jogo simples e dinâmico fará com que os alunos mantenham-se focados no Tema
abordado, principalmente se antes de passa-lo o professor anunciar que o jogo
será marcado, por exemplo, para a aula seguinte.
Sabendo
da possibilidade de haver um jogo, se a aula for bem, os alunos com o objetivo
de vencer a partida tenderão a prestar mais a atenção nas falas do professor,
sendo nesse momento a chance que o docente tem de prender seu interesse para o
assunto apresentado utilizando não somente a velha didática expositiva, mas
também outras metodologias criativas que farão da aula um período, no mínimo,
interessante aos olhos do alunado.
O
cuidado que se deve tomar é o de não conscientizar o aluno da importância
pedagógica daquele momento lúdico, deve-se enfatizar o brincar, o divertir, o “quem
sabe mais ganha”, pois quando se tira a ludicidade do jogo, o mesmo deixa de
ter qualquer importância ou sentido para a criançada, pois eles já estudaram e
agora eles querem brincar. O professor nessa hora não poderá deixar
transparecer que aquela será uma aula como as outras e sim uma aula “especial”,
um “dia diferente”, termos que animam as crianças, pois saem da rotina da
lousa-carteira do dia-a-dia.
A
criança deve ser instigada constantemente a querer saber mais e mais e a
querer, por si só, procurar respostas às suas perguntas, isto é, deve ser
estimulada a pesquisar por meio de livros (principalmente), boas revistas e por
último a internet já que como diz o ditado: “Não devemos por a carroça na frente
dos bois”, não desmerecendo a importância da tecnologia, visto que ela está aí
para nos auxiliar, mas é imperativo que, antes de tudo, os alunos saibam bem
como manusear livros reais antes dos virtuais.
A
seguir, então, descrevo a atividade sugerida com as instruções de como
aplica-la e suas possíveis variações, lembrando que cabe ao professor decidir a
melhor maneira de usa-la em sala.
Quiz Ecológico
Material:
- 1 saquinho de pano com 12 fichas amarelas e numeradas de 1 até 12;
- 1 saquinho de pano com 4 fichas sendo, 1 vermelha, 1 azul clara, 1 branca e 1 verde;
- 12 cartões com perguntas sobre “Animais da Terra”, com o verso vermelho;
- 12 cartões com perguntas sobre “Animais da Água”, com o verso azul claro;
- 12 cartões com perguntas sobre “Animais do Ar”, com o verso branco;
- 12 cartões com perguntas sobre “Plantas”, com o verso verde;
Como jogar:
- Dividir a classe em grupos;
- Pedir que uma criança de cada grupo sorteie uma ficha do saquinho e o grupo daquela criança que tirar a ficha com valor maior começa o jogo. Se houver mais de dois grupos, o próximo será o que tiver a ficha de valor imediatamente menor à primeira e assim por diante;
- Depois com todas as fichas numeradas dentro do saquinho e as coloridas em outro começa o jogo pedindo para que cada criança tire uma ficha numerada e uma colorida, a combinação do número com a cor será o cartão com a pergunta que o grupo deverá responder;
- Ganha o grupo que obtiver mais pontos.
Variações:
Esse
é um jogo que pode ser confeccionado pelo próprio professor, com materiais simples,
reciclados, incentivando, inclusive, a importância do reaproveitamento do lixo
urbano.
As
perguntas são feitas de acordo com o Tema que está sendo ministrado, logo, o
professor pode ter uma coleção de cartõezinhos abordando vários assuntos para
ser usado em momentos próprios.
Por
ser um jogo competitivo, isso desperta o interesse e a vontade de ganhar a
partida, inata no ser humano, então quando o professor usa esse jogo como um
auxiliar tanto como método de ensino-aprendizagem quanto como avaliação da
turma, ele obterá respostas imediata de seus alunos, de qualquer faixa etária.
3. CONCLUSÃO
Vários
estudos em relação ao fato de que a ludicidade aliada ao ensino resulta em uma
aprendizagem mais eficaz e significativa e, nossas próprias experiências
pessoais não podem refutar essa afirmação, pois não me lembro de nenhum momento
em que professores que usaram de jogos e/ou brincadeiras em sala para ensinar
algo, tenha caído em meu total esquecimento.
O
simples fato é que, foram usadas artimanhas que fizeram com que o tema ensinado
tivesse algum tipo de sentido para nós e partindo daí, conhecendo os alunos, os
professores bolavam piadas, brincadeiras e desafios que nos instigavam a
“mostrar para ele” que a gente conseguia sim, coisa do tipo “Duvido que você
consegue...”, mas, como dito anteriormente, adequando o desafio à faixa etária
da classe.
Essa
mudança de “ares” faz bem ao cognitivo e ao emocional da classe e do professor,
inclusive, sendo uma ótima oportunidade de integração social, estreitamento de
laços afetivos e relaxamento o que além de proporcionar uma ótima sensação de
bem estar, ajuda a dar à criança o sentido do saber, do descobrir, do pesquisar,
do xeretar por bons motivos.
Tal
sede de informação, inata ao ser humano, que se mostra mais forte quando ele é
muito jovem ainda deve ser preservada a todo custo e, esta é uma das tarefas do
docente em sala de aula, que não só pode como deve lançar mão da ludicidade
como ferramenta de trabalho na sua profissão.
4. REFERÊNCIAS
TRIVELATO,Silvia
Frateschi.Ensino de Ciências.In:Atividades lúdicas e ensino de Ciências – A
biodiversidade como exemplo.SP:CENGAGE Learning,2011,p.115-133.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
POLÍTICA EDUCACIONAL X REALIDADE
1. INTRODUÇÃO
A lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 trata
de um documento sancionado em Brasília no dia 20 de Dezembro de 1996 pelo,
então, Presidente Fernando Henrique Cardoso tratando exclusivamente dos
direitos e deveres entre Estado, profissionais da educação e família no que diz
respeito ao assunto da oferta de ensino em todos os níveis para a população
brasileira, sem distinção qualquer, de gênero, etnia, cultura, opção sexual ou
casos de inclusão.
O documento possui ao todo, noventa e dois artigos
distribuídos em nove títulos onde estão estipuladas as normas que regem desde a
Educação Infantil até a Educação Superior, incluindo Educação Especial,
Educação Profissional, Educação de Jovens e Adultos, Profissionais da Educação,
Recursos Financeiros, entre outros.
No que diz respeito à qualidade da Educação a ser
oferecida, há espalhado pelo documento alguns artigos, os que mais me chamaram
a atenção foram:
Art. 3º - que fala sobre a base de princípios em que o
ensino será ministrado, como, igualdade, liberdade de aprender, liberdade
cultural, de pensamento e arte, pluralismo de ideias, gratuidade do ensino
público e garantia de qualidade desse serviço;
Art 28º, 78º e 79º - garante o direito de adaptação do
currículo para as comunidades rurais e indígenas. Neste segundo caso, a
alfabetização na língua nativa da tribo deverá ser feita em conjunto com a
língua Portuguesa.
Já em relação aos profissionais da educação há um
título inteiro que aborda esse tema que é o Título VI abrangendo os artigos 61º
até o 67º. Neles estão especificadas as normas que garantem aos profissionais
da educação a necessidade mínima de qualificação para o exercício da função,
ingresso em cargos públicos por meio de concursos, valorização da categoria,
formação continuada, condições adequadas de trabalho, horários reservados para
estudos entre outros.
2. POLÍTICA X REALIDADE
Infelizmente para o nosso futuro, hoje, a qualidade da
educação em nosso país está muito aquém do que deveria. Não há pelo governo um
interesse tão comprometido e melhorar esse sistema. É muito falatório e pouca
ação, tudo política e plano de governo em época de eleição.
O sistema educacional na teoria diverge totalmente da
realidade e num país em que nem o governo trata com respeito essa área, como
querer ter respeito dos demais cidadãos? Num país onde infelizmente tudo acaba
em “pizza” e o sentimento de impunidade grita ensurdecendo nossos pensamentos,
como fazer a juventude crer em princípios nobres como honra, honestidade e
retidão? Elementos essenciais para que uma educação seja não só bem sucedida
mas semeada em bom campo?
Ao ver a juventude do jeito que vai, percebo que alguns docentes não se esforçam
em lecionar com a paixão antiga, não apenas por conta das dificuldades
financeiras que atravessam ou da desvalorização de sua categoria, mas porque
não creem que jogar pérolas aos porcos seja uma boa atitude (palavras já ditas
na minha presença por um professor de ensino médio depois de 20 anos de
magistério). Isso desanima qualquer um.
Vendo pelo lado do jovem que chega à escola dando de
cara com professores desmotivados, que sequer estão comprometidos a justificar
o pouco que ganham, e olha que no meio dos tomates amassados há sempre algum
que dá para salvar, perdem também o interesse e aquele que poderia fazer a
diferença na vida um do outro acaba se perdendo nesse caos. Infelizmente,
também, já tive o desprazer de ouvir aluno da rede pública reclamar que não
teve aula.
Agora vamos analisar com olhos paternos. Realmente é
de chorar entregar seu filho aos cuidados de uma escola onde: muito dos alunos
são violentos, alguns dos professores são omissos e as condições físicas do
prédio são caóticas. O que os pais podem esperar de uma escola toda pichada,
com mobiliário parecendo sucata, lousas precisando de conserto, etc.? Como eles
poderão acreditar na boa qualidade da educação que está sendo oferecida? Na
capacidade dos professores, sim, porque para eles, e aqui estamos tratando das
camadas mais desinformadas, os professores são os culpados, são eles que têm
que dar o jeito. Eles simplesmente não entendem, querem apenas o que lhes é de
direito e, em parte têm razão, só precisam saber para quem reivindicar.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há que se achar um “m.d.c.” nessa equação para
tentarmos equilibrar a situação no intuito de, pelo menos, melhorar um pouco
essa baderna.
Fácil? Claro que não. Nada que seja fácil é durável,
respeitado e valorizado, mas enquanto os lados envolvidos ficarem cada qual no
seu canto parlamentando com os seus, ao invés de se reunirem, colocarem as
cartas na mesa e decidirem realmente traçar uma estratégia que mude totalmente
esse roteiro, nada acontecerá.
Isso é fato.
Além de leis, diretrizes, emendas e coisa e tal, deve
haver ação, pois palavras o vento leva, mas é a ação que faz o homem e muda a
trajetória de toda uma sociedade.
A pergunta é:
Existe realmente a vontade de mudar esse cenário?
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
SANTOS,
Pablo S. M. B. dos. Guia Prático da Política Educacional no Brasil: Ações,
Planos, Programas e Impactos. São Paulo: Cengage, 2012.
Todos
os links acessados em 30/05/2013.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Por que a Pedagogia?
Relato pessoal, desde a minha infância, entregue como trabalho acadêmico onde o objetivo maior era resgatar dentro de mim o real motivo pelo qual eu desejei ser Pedagoga. Quando minha professora falou que seria legal escrever, que gostaríamos, não dei crédito, mas tenho de confessar que foi muito bom recordar de muitas coisas legais que ocorreram nessa época.
A INFÂNCIA
Minha mãe me contou que um belo dia
a campainha da porta tocou e, ao atender, ela atônita ficou ao ver a vizinha de
mãos dadas comigo que em posse de uma folha de papel e um lápis,
sorrateiramente, fugi de casa para ir à escola. Primeira lição da maternidade,
segundo ela, correr quando não escutar o barulho da criança.
Essa foi a primeira de inúmeras
vezes em que a perturbei para ir à escola, sempre gostei e pelo que ela me
conta, os professores também gostavam de mim. Diziam que eu era uma criança
fácil de lidar, educada e prestativa e extremamente questionadora.
PRIMEIROS ANOS
O pouco que recordo do meu primeiro
ano me remete à cartilha Caminho Suave e a exercícios de caligrafia, que até o
dia de hoje, me pego fazendo quando tenho caneta e papel disponíveis e nada na
mente para transcrever. Não sei bem o motivo, mas eu curtia fazer voltas e
ondas e vaivéns, eu viajava legal nesse tipo de atividade.
No final do 1º ano mudei-me para
outro município e infelizmente peguei uma escola extremamente atrasada, o que
me prejudicou por demais quando retornei à São Caetano, no meio do 2º ano, para
a mesma escola de onde havia saído. A diretora, conhecida de minha mãe,
preocupada em colocar-me novamente no 1º ano chamou minha mãe para uma conversa
franca para decidirem juntas o que fazer. Embora eu estivesse um ano adiantada,
ela não achava legal me voltar para a primeira série pois poderia causar um
certo trauma em mim, ao passo que eu estava atrasada por demais para acompanhar
a turminha da minha classe. Minha mãe sorriu para a diretora e disse para ela
não se preocupar que em breve eu não seria problema para ninguém, que fosse me
dada mais uma chance, ela me ajudaria em casa, e assim foi feito.
Na escola cursava pela manhã a 2ª
série e em casa recebia aulas de 1ª série, ministrada pela minha mãe, uma das
melhores professoras que eu já tive e, dois meses depois a professora a chama
para pedir que ela paresse com o reforço, pois eu já havia não só alcançado a
turma, como ultrapassado o plano de aula dela. Eu já estava perdendo o
interesse pelo que a professora ensinava, pois já conhecia o conteúdo, o pedido
foi acatado de pronto e a partir de então não tive mais problemas escolares
desde, pois toda vez que eu achava que não conseguiria fazer algo, ou ainda
acho, minha mãe não me deixa esquecer o fato de que em dois meses, recuperei um
ano de escola.
Lembro-me daquele ano em flashes muito
rápidos, mas em sua maioria são lembranças agradáveis. Em geral, a professora
me pedia que eu corrigisse o caderno dos meus colegas e os ensinasse como
deveria escrever corretamente as palavras, ordem que eu obedecia com rapidez e
satisfação, pois eu gostava demais de mostrar a eles como que era o certo a
fazer. Lembro que eu ficava feliz quando eles acertavam, eu sorria e a minha
professora ao ver-me ajudando os outros com tanta vontade sorria de volta. Meu
coração ficava leve e alegre.
Da época do primário, esse foi o
ano mais memorável que eu tive e o ano que eu mais recordo com apreço e
satisfação. Nenhum outro me causa tanta lembrança quanto esse. Pena que eu não
recorde do nome de minha professora ou de meus colegas, nunca fui boa nesse
ponto. Mas a sensação de ajuda-los nas atividades, essa eu jamais esquecerei,
era uma sensação maravilhosa.
GINÁSIO
Se existe uma época da minha vida
onde eu queria passar uma borracha, seria essa. Pelo amor de Deus! O que foi
aquilo?
Colégio particular, um professor
para cada disciplina, um monte de filhinho de papai e de cocotinha cheia da
grana e a Andréa lá, criada com princípios de humildade e simplicidade sendo
alvo de bullying por parte daqueles sádicos adolescentes.
A parte boa é que apesar disso tudo
meu rendimento escolar não foi dos piores, embora não tenha sido dos melhores
também, mas em algumas disciplinas eu era muito elogiada e prestigiada pelos
professores nas reuniões de pais.
Sobrevivi ao Ginásio.
O COLEGIAL
Esse foi um pouco melhor do que eu
previa, com exceção da primeira escolha feita.
Minha gana de sair do Externato
Santo Antônio e de deixar aquela renca espiritual para trás era tanta que
escolhi a escola pela menor probabilidade de encontrar mais conhecidos de lá. Escolhi
o Jorge Street. Escolhi fazer Eletrônica. Nada a ver comigo e pior, descobri
que alguns dos meus piores pesadelos também haviam passado no processo seletivo
de lá. Fazer o que?
Mas a realidade era outra. O tipo
de educação, de professor, de aula eram outros e para uma garota imatura, vinda
de uma escola de freiras, cheia de restrições, cair de paraquedas numa outra escola
com os portões totalmente abertos foi um baque tremendo.
Os professores já não ficavam em
cima dos alunos para ver se estes faziam ou não as tarefas, tinha aluno que
chegava na escola e escolhia simplesmente não assistir a aula e tudo bem, o
professor não chamava o pai ou a mãe. Resultado? Perdi-me nessa liberdade
exacerbada e mal administrada e pela primeira vez me deparei com a tão temida
“recuperação”. Cinco disciplinas pendentes, de quatro me safei e em uma eu
fiquei retida por 0,75 e essa doeu, pois eu descobri uma coisa que eu jamais
havia imaginado que poderia existir, o assédio.
Eu poderia ter passado de ano se
tivesse sido uma ‘boa menina’ para o professor de matemática, mas a opção menos
desastrosa que eu encontrei foi a de me fazer de idiota e sonsa fingindo não
ter entendido a oferta velada.
“Sim professor, serei uma boa
menina e estudarei bastante, obrigada” disse virando as costas e saindo devagar
com a boca seca torcendo para não deixar que as lágrimas de ódio rolassem pelo meu
rosto. Eu já sabia que esse professor era sem-vergonha, mas não imaginava que
poderia chegar a tanto, isso nunca deveria acontecer.
Repeti em matemática.
No ano seguinte, optei em fazer
apenas essa matéria e para minha surpresa, outro professor tomou o lugar
daquele, e a disciplina voltou a ter o seu brilho novamente. Tudo era tão
absurdamente simples e fácil dessa vez, que mal acreditei que não havia
compreendido antes. O que havia acontecido? Minhas notas dispararam, o
professor era um homem justo, respeitador, rigoroso e eu o adorava por sua
inteligência e perspicácia.
Outro que me fazia viajar em suas
aulas era o professor de Física, esse eu não esqueço o nome, Hideo, suas
explicações entraram de tal modo e minha mente que até hoje, se eu fechar os
olhos, ainda escuto ele falar.
Passei para o 2º ano mas desisti do
curso de Eletrônica bem no meio do ano letivo ficando, para “alegria” de meus
pais, sem estudar seis meses em casa, mas também quando voltei mais ajuizada e
senhora do que queria fazer levei um pouco mais sério meu Colegial Técnico em
Secretariado no Alcina Dantas Feijão.
Lá eu era uma das mais velhas da
sala e logo arrumei uma turma legal onde me identifiquei, e outra turma que
rivalizasse comigo diretamente. De todas as escolas que me lembro, foi nessa
instituição que tive os melhores professores dessa época. Lembro-me com carinho
de cada um deles.
Os professores de matemática eram
os que mais gostavam de mim, porém meu ponto alto no primeiro ano do Colegial
foi na disciplina de Física. A coitada da professora por mais que tentasse não
conseguia de forma alguma passar a mensagem para os alunos, simplesmente eu via
todo mundo com cara de desespero, minhas amigas em pânico e eu tranquila.
Um dia chamei-as para uma tarde em
casa e repassei a matéria com elas, usando praticamente a mesma metodologia do
professor Hideo (Jorge Street) e senti uma satisfação muito intensa ao ver seus
olhos brilharem no exato momento em que “caiam as fichas” do entendimento em
suas cabecinhas. Resultado? Da classe toda, eu fui a única que teve média 10 e
dentre minha amigas nenhuma teve nota abaixo de 7.
Esse foi meu passaporte da alegria
naquele ano em que a maioria da sala me considerava a “nariz-empinado-arrogante-do-ano”,
pois aos poucos foram se aproximando de mim timidamente, com perguntas simples
sobre a matéria e quando eu percebi, já estava rodeada de garotas atentas a
cada palavra que eu dizia, me fazendo perguntas e tirando dúvidas.
No segundo bimestre o número de
alunas com notas recuperadas aumentou, o que fez com que as outras alunas que
ainda tinham resistência à minha pessoa dessem a mão à palmatória e deixassem a
bobeira de lado. Nessa altura do campeonato, quando a professora saía da sala, em algumas ocasiões, uma das meninas ia verificar se ela já havia sumido de vista para que eu fosse
até a lousa refazer o exercício deixado por ela. Isso durou o resto do ano.
Nunca a professora soube, tanto que
ao final, ela com lágrima nos olhos disse que aquela tinha sido a melhor classe
que ela teve em anos e que ela tinha muito orgulho em ver como todas tínhamos
nos recuperado do 1º bimestre. Nessa hora ninguém disse um A, pois não era típico daquela
turma querer ver alguém triste.
Anos depois repeti a dose com o
primo do meu marido que caiu com a mesma professora e o salvei de uma
repetência iminente, só não consegui fazer isso com minha filha o ano passado,
por pura falta de tempo. Por incrível que pareça, ela caiu com a mesma
professora e no momento que ouvi o seu nome virei pro meu marido e falei
“Professor Particular, não vou conseguir dar conta dessa vez”, a matéria além
de estar arquivada bem fundo na memória, poderia se misturar às preocupações
atuais de serviço e faculdade, logo, sabiamente, resolvi passar a bola para
alguém mais preparado e não me arrependo. Quando o professor veio em casa e vi
a paixão dele em ensinar e a forma como ele se entusiasmava com a participação
da Natália eu revivi o quanto era gostoso fazer os outros entenderem o que você
está falando. Aquele “Ahhhhhh, é isso????” dá vontade da gente gritar um
“Gooooooollllllll” marcado nos 45 minutos do 2º tempo de uma decisão. É muito
bom.
VIDA ADULTA
Dei um tempo na minha vida
acadêmica, pelo menos em parte, pois sempre dava um jeito de voltar às salas de
aula, parecia que eu tinha a necessidade de respirar o ar de uma escola.
Matriculei-me em diversos cursos ao
longo do tempo que fiquei ausente do mercado de trabalho. Inglês, Access, Web
Designer, Telemarketing, Corte e Costura, Artesanato, foram algumas aventuras
das quais participei e, em todas, modéstia à parte, eu me saia razoavelmente
bem a ponto de ajudar alguém desesperado o suficiente para pedir o meu auxílio.
Não foram poucas as vezes que me falaram que eu tinha “muito jeito” para
explicar as coisas, que era fácil entender quando era eu quem falava. Nesses
momentos em particular me sentia mal e torcia para que outros não escutassem,
pois temia que tais comentários caíssem nos ouvidos dos professores que são
declaradamente melindrosos, e por isso entendia muito bem quando percebia certa
hostilidade por parte de alguns. Mantive-me afastada da maioria deles, me
coloquei sempre no meu lugar de discente e procurava ajudar os outros na
ausência deles, sim, por que parar de ensinar, JAMAIS.
Sempre me pego dando conselhos,
dicas e palavras aos outros, me recrimino depois por ser tão enxerida, mas a
gana que eu tenho de avisar e mostrar que tal caminho pode ocasionar a queda de
alguém é tamanha que algumas vezes é difícil segurar a língua.
Coceiras pelo corpo inteiro é o que
eu sinto quando eu vejo alguém fazendo algo de uma forma equivocada, teimando
no erro. Outro dia, sem querer, achei um erro em um contrato e fui mostrar ao
meu chefe que de bate pronto não aceitou a minha correção, com calma respirei
fundo e falei “Não senhor, está errado SIM”, com isso ganhei a sua atenção total,
a ponto de dar-lhe uma pequenina e singela aulinha de português e vê-lo compreender o que realmente estava errado. Satisfação! Essa é a palavra que mais
define o que eu senti. Não satisfação por ter apontado um erro, mas por ter
feito alguém perceber e entender esse erro o que, na minha opinião, vale muito
mais, pois garanto que daqui por diante ele não esquecerá.
O QUE ME FEZ ESCOLHER A PEDAGOGIA?
Já contava com 38 anos de idade
quando prestei concurso para Auxiliar da Primeira Infância da Prefeitura de São
Caetano do Sul e passei, já nessa época, nutria em segredo a vontade de fazer
uma faculdade e dentre todos os cursos oferecidos, dois me chamavam a atenção:
Pedagogia e Psicologia.
Sem falar nada a quem quer que
fosse iniciei no novo emprego, entusiasmada com o cargo e muito temerosa com a
responsabilidade adquirida.
Comecei a observar coisas que não
me agradavam nem um pouco por parte dos educadores, tanto professores quanto auxiliares
e demais funcionários. Tentei fazer diferença para as crianças, mas, é claro
que não dá para se tampar todos os buracos de uma vez só.
A vontade pela Pedagogia foi
aumentando.
Um belo dia, sem aviso prévio, o
meu marido, enquanto preparava o café da manhã, sugere que eu retorne aos
estudos que eu faça faculdade, pois ele teme, por estar perto da aposentadoria
(imagine só), perder o cargo e não dar conta do recado. Meio que chocada com o
argumento e tranquilizando o homem quanto à isso lembrando à ele que até lá
dois dos filhos já estariam adultos e encaminhados, não perdi a oportunidade e
agarrei-me nela, conversamos seriamente sobre o assunto, fizemos as contas pois
naquela época nossa vida financeira era muito difícil mesmo e decidimos
investir nesse propósito.
E assim, no semestre seguinte
iniciei minha jornada na faculdade, com o medo típico de estar pagando mico em
meio aos jovens recém-formados e torcendo para não ser apelidada de tia.
No primeiro dia de aula eu estava
tão nervosa que confundi o horário e cheguei com meia hora de atraso e me odiei
por isso. Odeio atrasos, mas por outro lado foi bom, pois eu visualizei a
classe lotada e notei que havia uma miscelânea etária que me deixou muito
confortável.
A cada aula que passava eu me
encantava cada vez mais com os professores da faculdade. O modo de falar, suas
posturas, seu vocabulário e apesar do cansaço extremo que me fazia jogar água
no rosto no meio da aula (para despertar) eu praticamente devorava cada palavra
que eles diziam e não perdoava nenhuma dúvida que tinha por mais idiota que
fosse.
Minha visão de escola tinha mudado.
Meu objetivo também. Quem quer ensinar não pode se dar ao luxo de cultivar dúvidas,
não pode se dar ao luxo de entender mais ou menos alguma coisa, mas também não
precisa ser um expert em todos os assuntos.
Foi ainda no primeiro semestre que
a professora Claudia Rosin, passou um vídeo que mostrava o que era a EJA, e a
alfabetização de adultos. Apaixonei-me. Meu coração apertou e acelerou. Senti
uma imensa vontade de pular na tela e fazer parte daquilo, encontrei o que eu
queria.
Mas e a educação infantil onde ficava?
Por alguns meses essa pergunta ficou me rodeando, pois eu estava na educação
infantil ocupando o cargo de auxiliar e eu via o quanto era gostoso e agradável
também, trabalhoso sim, mas qual trabalho não tem suas tarefas árduas? Só que
tinha algo na educação infantil que não me agradava e ainda não sabia o que
era, algo me incomodava, algo não me deixava à vontade.
Era uma tarde da semana em que eu
estava indo para a sala de aula e eu vi a merendeira dizer ao Thiago, (garoto
da minha sala) 2 anos, “Você é uma coisa heim?” com tom desagradável na voz.
Fiquei séria e fechei a cara ao
perceber que o menino emburrou e começou a pisar duro em direção ao parque.
Passado mais ou menos 2 horas, na
hora da troca das crianças, eu o chamei para mudar sua roupa e enquanto eu o
despia e brincava com ele ouvi-o dizer baixinho olhando para mim “Eu sou o
Thiago, eu não sou uma coisa”. Terminei de vestir a calça nele, dei-lhe um
abraço bem gostoso, um beijo estalado na bochecha e falei “Você é o Thiago mais
lindo que eu conheci, mais esperto e mais inteligente, e não acredite em
ninguém que diga algo diferente, entendeu?” fiz cosquinha na barriguinha dele,
ele sorriu e terminei a troca com um tapinha leve no bumbum mandando-o de volta
à classe em meio a risadas.
Esse foi o momento, essa foi a
hora.
Pedagogia não para lecionar para
crianças, isso tem de sobra, Pedagogia para adultos, com o intuito de formar
bons pedagogos, bons educadores, bons profissionais escolares englobando não
apenas docentes e auxiliares, mas também merendeiras, porteiros, monitores.
Tentar colocar na cabeça de quem
faz Pedagogia, a importância desse curso para todos os outros.
Meu foco é diferente dos demais.
Eu quero forjar ferreiros que
forjarão fortes armaduras.
terça-feira, 28 de maio de 2013
O DIREITO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA À EDUCAÇÃO
Caso Caio
“(...) Caio tem sete anos e é autista. Hoje ele estuda em uma
escola regular, junto com alunos que não têm deficiência. “As
tarefas são todas adaptadas para as dificuldades do Caio e tem
uma auxiliar de classe só para ele”, afirma a mãe do garoto, Marli
Zotesso Moretti.
Mas ela conta que não foi fácil conseguir uma vaga. “Antes de
conseguir nesta escola eu tinha procurado em duas que me
negaram a matrícula dizendo que não tinham estrutura para
cuidar de uma criança autista e que se sobrasse alguma vaga
eles poderiam me chamar futuramente, sendo que eu já estava lá
para fazer a matrícula”, lembra Marli.(...)”
(Fonte: <http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2012/08>.
Disponível em: <https://docs.google.com/open?id=0B1lfOtr2UHEbnBTR0JvdWM4OVU>.
Acesso em: 29 out. 2012.)
Introdução
A inclusão é, ainda, um tema um tanto quanto polêmico em diversos
setores da sociedade, mas não se pode negar, em hipótese alguma que, é direito
garantido pela Constituição o acesso à educação, em escolas regulares do Ensino
Infantil até o Superior, a todos os cidadãos portadores ou não de necessidades
especiais.
Porém apesar do óbvio fica claro, em muitos casos, que falta
preparo no acolhimento desses cidadãos e, até mesmo, por que omitir, boa
vontade no atendimento a esses casos. Ainda vivemos em uma sociedade que não
eliminou de todo a segregação de sua cultura, pois de nada adianta aceitar um
aluno com necessidades especiais e deixa-lo sem assessoria durante o dia
letivo, simplesmente dando atividades de pequena importância que de nada valem
para o seu desenvolvimento. Ou então, tratar esse aluno de uma forma tão
diferenciada, com tanto zelo e presteza que o segrega dos demais alunos, dando
aos outros a impressão de eles são de menor importância.
Sobre a Inclusão e Alguns Artigos
Uma inclusão de sucesso ocorre quando é encontrado o ponto de
equilíbrio entre esses dois extremos. Onde a escola consegue adequar sua
metodologia de maneira que o tratamento de todos os alunos seja igual. Difícil,
com certeza, por isso muitas escolas ainda não aceitam o desafio.
Escolas que ignoram completamente o que dita a LDB 9394/96 que
discorre sobre esse assunto no Capítulo V do mencionado documento.
Começando pelo Art. 58 que diz: “Entende-se por educação especial,
para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de
necessidades especiais.”. Essa lei por si só já deveria ser a pedra fundamental
de uma escola igualitária, de uma escola com uma educação realmente
democrática, onde todos são beneficiados.
O Art. 59 em sua integralidade reza que: “Os sistemas de ensino
assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específica, para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em
virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o
programa escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em
nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores
do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes
comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a
sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para
os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam
uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.” Nada
mais, nada menos que um passo a passo de como fazer uma escola onde a inclusão
seja feita de forma tão natural que nem chega a parecer inclusão e sim uma
simples recepção de alunado.
Estudo do Caso Caio
No caso de Caio, acima relatado, as escolas que o negaram,
perderam muito em resistir a adaptar-se. Uma porque isso é obrigação delas,
outra porque traz benefícios tanto para a escola em si, tratando-se de formação
continuada, subsídio para adaptação das instalações do imóvel, oportunidade de
ensinar aos alunos desde cedo que todos somos iguais, porém, diferentes em
certos pontos, pois nunca devemos esquecer de que estamos em constante
aprendizagem enquanto respiramos, e quanto mais experiências vivenciamos, mais
lições adquirimos.
A mãe de Caio por sua vez poderia ter insistido na matrícula uma
vez que, a Lei garante esse direito ao seu filho, e caso a escola continuasse a
negar ela tem a Delegacia de Ensino para fazer valer os direitos da criança, o
que daria provavelmente à instituição certa dor de cabeça por ter esse órgão em
constante vigilância e ser obrigada a fazer todas as adaptações e mudar a rotina
na qual estava já habituada. Sinceramente, se me permite uma opinião
particular, fez bem a mãe de Caio ao procurar outra instituição mais
interessada no assunto. A criança saiu ganhando.
Considerações
O
ser humano ainda não chegou ao nível de civilização suficiente para suprir
todas as necessidades de seus pares e embora poucos acreditem que isso
acontecerá um dia, creio que em certos setores, em alguns lugares do planeta
haverá uma época em que a palavra segregação escolar será tão absurda quanto
Poliomelite nos dias de hoje.
Utopia?
É claro que não, acredito que é questão de tempo e de conscientização, afinal o
presente está melhor que o passado e as crianças de hoje, que convivem com
essas melhorias, serão os adultos de amanhã.
Referências Bibliográficas
http://www.pro-inclusao.org.br/textos.html
acesso em 14/04/2013
LDB
9394/96, arquivo pessoal.
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