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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Por que a Pedagogia?

Relato pessoal, desde a minha infância, entregue como trabalho acadêmico onde o objetivo maior era resgatar dentro de mim o real motivo pelo qual eu desejei ser Pedagoga. Quando minha professora falou que seria legal escrever, que gostaríamos, não dei crédito, mas tenho de confessar que foi muito bom recordar de muitas coisas legais que ocorreram nessa época.


A INFÂNCIA


Minha mãe me contou que um belo dia a campainha da porta tocou e, ao atender, ela atônita ficou ao ver a vizinha de mãos dadas comigo que em posse de uma folha de papel e um lápis, sorrateiramente, fugi de casa para ir à escola. Primeira lição da maternidade, segundo ela, correr quando não escutar o barulho da criança.
Essa foi a primeira de inúmeras vezes em que a perturbei para ir à escola, sempre gostei e pelo que ela me conta, os professores também gostavam de mim. Diziam que eu era uma criança fácil de lidar, educada e prestativa e extremamente questionadora.

PRIMEIROS ANOS


O pouco que recordo do meu primeiro ano me remete à cartilha Caminho Suave e a exercícios de caligrafia, que até o dia de hoje, me pego fazendo quando tenho caneta e papel disponíveis e nada na mente para transcrever. Não sei bem o motivo, mas eu curtia fazer voltas e ondas e vaivéns, eu viajava legal nesse tipo de atividade.
No final do 1º ano mudei-me para outro município e infelizmente peguei uma escola extremamente atrasada, o que me prejudicou por demais quando retornei à São Caetano, no meio do 2º ano, para a mesma escola de onde havia saído. A diretora, conhecida de minha mãe, preocupada em colocar-me novamente no 1º ano chamou minha mãe para uma conversa franca para decidirem juntas o que fazer. Embora eu estivesse um ano adiantada, ela não achava legal me voltar para a primeira série pois poderia causar um certo trauma em mim, ao passo que eu estava atrasada por demais para acompanhar a turminha da minha classe. Minha mãe sorriu para a diretora e disse para ela não se preocupar que em breve eu não seria problema para ninguém, que fosse me dada mais uma chance, ela me ajudaria em casa, e assim foi feito.
Na escola cursava pela manhã a 2ª série e em casa recebia aulas de 1ª série, ministrada pela minha mãe, uma das melhores professoras que eu já tive e, dois meses depois a professora a chama para pedir que ela paresse com o reforço, pois eu já havia não só alcançado a turma, como ultrapassado o plano de aula dela. Eu já estava perdendo o interesse pelo que a professora ensinava, pois já conhecia o conteúdo, o pedido foi acatado de pronto e a partir de então não tive mais problemas escolares desde, pois toda vez que eu achava que não conseguiria fazer algo, ou ainda acho, minha mãe não me deixa esquecer o fato de que em dois meses, recuperei um ano de escola.
Lembro-me daquele ano em flashes muito rápidos, mas em sua maioria são lembranças agradáveis. Em geral, a professora me pedia que eu corrigisse o caderno dos meus colegas e os ensinasse como deveria escrever corretamente as palavras, ordem que eu obedecia com rapidez e satisfação, pois eu gostava demais de mostrar a eles como que era o certo a fazer. Lembro que eu ficava feliz quando eles acertavam, eu sorria e a minha professora ao ver-me ajudando os outros com tanta vontade sorria de volta. Meu coração ficava leve e alegre.
Da época do primário, esse foi o ano mais memorável que eu tive e o ano que eu mais recordo com apreço e satisfação. Nenhum outro me causa tanta lembrança quanto esse. Pena que eu não recorde do nome de minha professora ou de meus colegas, nunca fui boa nesse ponto. Mas a sensação de ajuda-los nas atividades, essa eu jamais esquecerei, era uma sensação maravilhosa.

GINÁSIO


Se existe uma época da minha vida onde eu queria passar uma borracha, seria essa. Pelo amor de Deus! O que foi aquilo?
Colégio particular, um professor para cada disciplina, um monte de filhinho de papai e de cocotinha cheia da grana e a Andréa lá, criada com princípios de humildade e simplicidade sendo alvo de bullying por parte daqueles sádicos adolescentes.
A parte boa é que apesar disso tudo meu rendimento escolar não foi dos piores, embora não tenha sido dos melhores também, mas em algumas disciplinas eu era muito elogiada e prestigiada pelos professores nas reuniões de pais.
Sobrevivi ao Ginásio.

O COLEGIAL


Esse foi um pouco melhor do que eu previa, com exceção da primeira escolha feita.
Minha gana de sair do Externato Santo Antônio e de deixar aquela renca espiritual para trás era tanta que escolhi a escola pela menor probabilidade de encontrar mais conhecidos de lá. Escolhi o Jorge Street. Escolhi fazer Eletrônica. Nada a ver comigo e pior, descobri que alguns dos meus piores pesadelos também haviam passado no processo seletivo de lá. Fazer o que?
Mas a realidade era outra. O tipo de educação, de professor, de aula eram outros e para uma garota imatura, vinda de uma escola de freiras, cheia de restrições, cair de paraquedas numa outra escola com os portões totalmente abertos foi um baque tremendo.
Os professores já não ficavam em cima dos alunos para ver se estes faziam ou não as tarefas, tinha aluno que chegava na escola e escolhia simplesmente não assistir a aula e tudo bem, o professor não chamava o pai ou a mãe. Resultado? Perdi-me nessa liberdade exacerbada e mal administrada e pela primeira vez me deparei com a tão temida “recuperação”. Cinco disciplinas pendentes, de quatro me safei e em uma eu fiquei retida por 0,75 e essa doeu, pois eu descobri uma coisa que eu jamais havia imaginado que poderia existir, o assédio.
Eu poderia ter passado de ano se tivesse sido uma ‘boa menina’ para o professor de matemática, mas a opção menos desastrosa que eu encontrei foi a de me fazer de idiota e sonsa fingindo não ter entendido a oferta velada.
“Sim professor, serei uma boa menina e estudarei bastante, obrigada” disse virando as costas e saindo devagar com a boca seca torcendo para não deixar que as lágrimas de ódio rolassem pelo meu rosto. Eu já sabia que esse professor era sem-vergonha, mas não imaginava que poderia chegar a tanto, isso nunca deveria acontecer.
Repeti em matemática.
No ano seguinte, optei em fazer apenas essa matéria e para minha surpresa, outro professor tomou o lugar daquele, e a disciplina voltou a ter o seu brilho novamente. Tudo era tão absurdamente simples e fácil dessa vez, que mal acreditei que não havia compreendido antes. O que havia acontecido? Minhas notas dispararam, o professor era um homem justo, respeitador, rigoroso e eu o adorava por sua inteligência e perspicácia.
Outro que me fazia viajar em suas aulas era o professor de Física, esse eu não esqueço o nome, Hideo, suas explicações entraram de tal modo e minha mente que até hoje, se eu fechar os olhos, ainda escuto ele falar.
Passei para o 2º ano mas desisti do curso de Eletrônica bem no meio do ano letivo ficando, para “alegria” de meus pais, sem estudar seis meses em casa, mas também quando voltei mais ajuizada e senhora do que queria fazer levei um pouco mais sério meu Colegial Técnico em Secretariado no Alcina Dantas Feijão.
Lá eu era uma das mais velhas da sala e logo arrumei uma turma legal onde me identifiquei, e outra turma que rivalizasse comigo diretamente. De todas as escolas que me lembro, foi nessa instituição que tive os melhores professores dessa época. Lembro-me com carinho de cada um deles.
Os professores de matemática eram os que mais gostavam de mim, porém meu ponto alto no primeiro ano do Colegial foi na disciplina de Física. A coitada da professora por mais que tentasse não conseguia de forma alguma passar a mensagem para os alunos, simplesmente eu via todo mundo com cara de desespero, minhas amigas em pânico e eu tranquila.
Um dia chamei-as para uma tarde em casa e repassei a matéria com elas, usando praticamente a mesma metodologia do professor Hideo (Jorge Street) e senti uma satisfação muito intensa ao ver seus olhos brilharem no exato momento em que “caiam as fichas” do entendimento em suas cabecinhas. Resultado? Da classe toda, eu fui a única que teve média 10 e dentre minha amigas nenhuma teve nota abaixo de 7.
Esse foi meu passaporte da alegria naquele ano em que a maioria da sala me considerava a “nariz-empinado-arrogante-do-ano”, pois aos poucos foram se aproximando de mim timidamente, com perguntas simples sobre a matéria e quando eu percebi, já estava rodeada de garotas atentas a cada palavra que eu dizia, me fazendo perguntas e tirando dúvidas.
No segundo bimestre o número de alunas com notas recuperadas aumentou, o que fez com que as outras alunas que ainda tinham resistência à minha pessoa dessem a mão à palmatória e deixassem a bobeira de lado. Nessa altura do campeonato, quando a professora saía da sala, em algumas ocasiões, uma das meninas ia verificar se ela já havia sumido de vista para que eu fosse até a lousa refazer o exercício deixado por ela. Isso durou o resto do ano.
Nunca a professora soube, tanto que ao final, ela com lágrima nos olhos disse que aquela tinha sido a melhor classe que ela teve em anos e que ela tinha muito orgulho em ver como todas tínhamos nos recuperado do 1º bimestre. Nessa hora ninguém disse um A, pois não era típico daquela turma querer ver alguém triste.
Anos depois repeti a dose com o primo do meu marido que caiu com a mesma professora e o salvei de uma repetência iminente, só não consegui fazer isso com minha filha o ano passado, por pura falta de tempo. Por incrível que pareça, ela caiu com a mesma professora e no momento que ouvi o seu nome virei pro meu marido e falei “Professor Particular, não vou conseguir dar conta dessa vez”, a matéria além de estar arquivada bem fundo na memória, poderia se misturar às preocupações atuais de serviço e faculdade, logo, sabiamente, resolvi passar a bola para alguém mais preparado e não me arrependo. Quando o professor veio em casa e vi a paixão dele em ensinar e a forma como ele se entusiasmava com a participação da Natália eu revivi o quanto era gostoso fazer os outros entenderem o que você está falando. Aquele “Ahhhhhh, é isso????” dá vontade da gente gritar um “Gooooooollllllll” marcado nos 45 minutos do 2º tempo de uma decisão. É muito bom.

VIDA ADULTA


Dei um tempo na minha vida acadêmica, pelo menos em parte, pois sempre dava um jeito de voltar às salas de aula, parecia que eu tinha a necessidade de respirar o ar de uma escola.
Matriculei-me em diversos cursos ao longo do tempo que fiquei ausente do mercado de trabalho. Inglês, Access, Web Designer, Telemarketing, Corte e Costura, Artesanato, foram algumas aventuras das quais participei e, em todas, modéstia à parte, eu me saia razoavelmente bem a ponto de ajudar alguém desesperado o suficiente para pedir o meu auxílio. Não foram poucas as vezes que me falaram que eu tinha “muito jeito” para explicar as coisas, que era fácil entender quando era eu quem falava. Nesses momentos em particular me sentia mal e torcia para que outros não escutassem, pois temia que tais comentários caíssem nos ouvidos dos professores que são declaradamente melindrosos, e por isso entendia muito bem quando percebia certa hostilidade por parte de alguns. Mantive-me afastada da maioria deles, me coloquei sempre no meu lugar de discente e procurava ajudar os outros na ausência deles, sim, por que parar de ensinar, JAMAIS.
Sempre me pego dando conselhos, dicas e palavras aos outros, me recrimino depois por ser tão enxerida, mas a gana que eu tenho de avisar e mostrar que tal caminho pode ocasionar a queda de alguém é tamanha que algumas vezes é difícil segurar a língua.
Coceiras pelo corpo inteiro é o que eu sinto quando eu vejo alguém fazendo algo de uma forma equivocada, teimando no erro. Outro dia, sem querer, achei um erro em um contrato e fui mostrar ao meu chefe que de bate pronto não aceitou a minha correção, com calma respirei fundo e falei “Não senhor, está errado SIM”, com isso ganhei a sua atenção total, a ponto de dar-lhe uma pequenina e singela aulinha de português e vê-lo compreender o que realmente estava errado. Satisfação! Essa é a palavra que mais define o que eu senti. Não satisfação por ter apontado um erro, mas por ter feito alguém perceber e entender esse erro o que, na minha opinião, vale muito mais, pois garanto que daqui por diante ele não esquecerá.

O QUE ME FEZ ESCOLHER A PEDAGOGIA?


Já contava com 38 anos de idade quando prestei concurso para Auxiliar da Primeira Infância da Prefeitura de São Caetano do Sul e passei, já nessa época, nutria em segredo a vontade de fazer uma faculdade e dentre todos os cursos oferecidos, dois me chamavam a atenção: Pedagogia e Psicologia.
Sem falar nada a quem quer que fosse iniciei no novo emprego, entusiasmada com o cargo e muito temerosa com a responsabilidade adquirida.
Comecei a observar coisas que não me agradavam nem um pouco por parte dos educadores, tanto professores quanto auxiliares e demais funcionários. Tentei fazer diferença para as crianças, mas, é claro que não dá para se tampar todos os buracos de uma vez só.
A vontade pela Pedagogia foi aumentando.
Um belo dia, sem aviso prévio, o meu marido, enquanto preparava o café da manhã, sugere que eu retorne aos estudos que eu faça faculdade, pois ele teme, por estar perto da aposentadoria (imagine só), perder o cargo e não dar conta do recado. Meio que chocada com o argumento e tranquilizando o homem quanto à isso lembrando à ele que até lá dois dos filhos já estariam adultos e encaminhados, não perdi a oportunidade e agarrei-me nela, conversamos seriamente sobre o assunto, fizemos as contas pois naquela época nossa vida financeira era muito difícil mesmo e decidimos investir nesse propósito.
E assim, no semestre seguinte iniciei minha jornada na faculdade, com o medo típico de estar pagando mico em meio aos jovens recém-formados e torcendo para não ser apelidada de tia.
No primeiro dia de aula eu estava tão nervosa que confundi o horário e cheguei com meia hora de atraso e me odiei por isso. Odeio atrasos, mas por outro lado foi bom, pois eu visualizei a classe lotada e notei que havia uma miscelânea etária que me deixou muito confortável.
A cada aula que passava eu me encantava cada vez mais com os professores da faculdade. O modo de falar, suas posturas, seu vocabulário e apesar do cansaço extremo que me fazia jogar água no rosto no meio da aula (para despertar) eu praticamente devorava cada palavra que eles diziam e não perdoava nenhuma dúvida que tinha por mais idiota que fosse.
Minha visão de escola tinha mudado. Meu objetivo também. Quem quer ensinar não pode se dar ao luxo de cultivar dúvidas, não pode se dar ao luxo de entender mais ou menos alguma coisa, mas também não precisa ser um expert em todos os assuntos.
Foi ainda no primeiro semestre que a professora Claudia Rosin, passou um vídeo que mostrava o que era a EJA, e a alfabetização de adultos. Apaixonei-me. Meu coração apertou e acelerou. Senti uma imensa vontade de pular na tela e fazer parte daquilo, encontrei o que eu queria.
Mas e a educação infantil onde ficava? Por alguns meses essa pergunta ficou me rodeando, pois eu estava na educação infantil ocupando o cargo de auxiliar e eu via o quanto era gostoso e agradável também, trabalhoso sim, mas qual trabalho não tem suas tarefas árduas? Só que tinha algo na educação infantil que não me agradava e ainda não sabia o que era, algo me incomodava, algo não me deixava à vontade.
Era uma tarde da semana em que eu estava indo para a sala de aula e eu vi a merendeira dizer ao Thiago, (garoto da minha sala) 2 anos, “Você é uma coisa heim?” com  tom desagradável na voz.
Fiquei séria e fechei a cara ao perceber que o menino emburrou e começou a pisar duro em direção ao parque.
Passado mais ou menos 2 horas, na hora da troca das crianças, eu o chamei para mudar sua roupa e enquanto eu o despia e brincava com ele ouvi-o dizer baixinho olhando para mim “Eu sou o Thiago, eu não sou uma coisa”. Terminei de vestir a calça nele, dei-lhe um abraço bem gostoso, um beijo estalado na bochecha e falei “Você é o Thiago mais lindo que eu conheci, mais esperto e mais inteligente, e não acredite em ninguém que diga algo diferente, entendeu?” fiz cosquinha na barriguinha dele, ele sorriu e terminei a troca com um tapinha leve no bumbum mandando-o de volta à classe em meio a risadas.
Esse foi o momento, essa foi a hora.
Pedagogia não para lecionar para crianças, isso tem de sobra, Pedagogia para adultos, com o intuito de formar bons pedagogos, bons educadores, bons profissionais escolares englobando não apenas docentes e auxiliares, mas também merendeiras, porteiros, monitores.
Tentar colocar na cabeça de quem faz Pedagogia, a importância desse curso para todos os outros.
Meu foco é diferente dos demais.

Eu quero forjar ferreiros que forjarão fortes armaduras.

terça-feira, 28 de maio de 2013

O DIREITO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA À EDUCAÇÃO

Caso Caio

“(...) Caio tem sete anos e é autista. Hoje ele estuda em uma
escola regular, junto com alunos que não têm deficiência. “As
tarefas são todas adaptadas para as dificuldades do Caio e tem
uma auxiliar de classe só para ele”, afirma a mãe do garoto, Marli
Zotesso Moretti.
Mas ela conta que não foi fácil conseguir uma vaga. “Antes de
conseguir nesta escola eu tinha procurado em duas que me
negaram a matrícula dizendo que não tinham estrutura para
cuidar de uma criança autista e que se sobrasse alguma vaga
eles poderiam me chamar futuramente, sendo que eu já estava lá
para fazer a matrícula”, lembra Marli.(...)”

(Fonte: <http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2012/08>.
Disponível em: <https://docs.google.com/open?id=0B1lfOtr2UHEbnBTR0JvdWM4OVU>.
Acesso em: 29 out. 2012.)


Introdução


A inclusão é, ainda, um tema um tanto quanto polêmico em diversos setores da sociedade, mas não se pode negar, em hipótese alguma que, é direito garantido pela Constituição o acesso à educação, em escolas regulares do Ensino Infantil até o Superior, a todos os cidadãos portadores ou não de necessidades especiais.

Porém apesar do óbvio fica claro, em muitos casos, que falta preparo no acolhimento desses cidadãos e, até mesmo, por que omitir, boa vontade no atendimento a esses casos. Ainda vivemos em uma sociedade que não eliminou de todo a segregação de sua cultura, pois de nada adianta aceitar um aluno com necessidades especiais e deixa-lo sem assessoria durante o dia letivo, simplesmente dando atividades de pequena importância que de nada valem para o seu desenvolvimento. Ou então, tratar esse aluno de uma forma tão diferenciada, com tanto zelo e presteza que o segrega dos demais alunos, dando aos outros a impressão de eles são de menor importância.

Sobre a Inclusão e Alguns Artigos


Uma inclusão de sucesso ocorre quando é encontrado o ponto de equilíbrio entre esses dois extremos. Onde a escola consegue adequar sua metodologia de maneira que o tratamento de todos os alunos seja igual. Difícil, com certeza, por isso muitas escolas ainda não aceitam o desafio.
Escolas que ignoram completamente o que dita a LDB 9394/96 que discorre sobre esse assunto no Capítulo V do mencionado documento.

Começando pelo Art. 58 que diz: “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.”. Essa lei por si só já deveria ser a pedra fundamental de uma escola igualitária, de uma escola com uma educação realmente democrática, onde todos são beneficiados.

O Art. 59 em sua integralidade reza que: “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.” Nada mais, nada menos que um passo a passo de como fazer uma escola onde a inclusão seja feita de forma tão natural que nem chega a parecer inclusão e sim uma simples recepção de alunado.

Estudo do Caso Caio


No caso de Caio, acima relatado, as escolas que o negaram, perderam muito em resistir a adaptar-se. Uma porque isso é obrigação delas, outra porque traz benefícios tanto para a escola em si, tratando-se de formação continuada, subsídio para adaptação das instalações do imóvel, oportunidade de ensinar aos alunos desde cedo que todos somos iguais, porém, diferentes em certos pontos, pois nunca devemos esquecer de que estamos em constante aprendizagem enquanto respiramos, e quanto mais experiências vivenciamos, mais lições adquirimos.

A mãe de Caio por sua vez poderia ter insistido na matrícula uma vez que, a Lei garante esse direito ao seu filho, e caso a escola continuasse a negar ela tem a Delegacia de Ensino para fazer valer os direitos da criança, o que daria provavelmente à instituição certa dor de cabeça por ter esse órgão em constante vigilância e ser obrigada a fazer todas as adaptações e mudar a rotina na qual estava já habituada. Sinceramente, se me permite uma opinião particular, fez bem a mãe de Caio ao procurar outra instituição mais interessada no assunto. A criança saiu ganhando.

Considerações


O ser humano ainda não chegou ao nível de civilização suficiente para suprir todas as necessidades de seus pares e embora poucos acreditem que isso acontecerá um dia, creio que em certos setores, em alguns lugares do planeta haverá uma época em que a palavra segregação escolar será tão absurda quanto Poliomelite nos dias de hoje.

Utopia? É claro que não, acredito que é questão de tempo e de conscientização, afinal o presente está melhor que o passado e as crianças de hoje, que convivem com essas melhorias, serão os adultos de amanhã.


 Referências Bibliográficas




LDB 9394/96, arquivo pessoal.